Carta zen 31 – Avareza

Belo Horizonte, 10 de outubro de 2009

Amigos,
Quero hoje falar com vocês sobra a avareza.
A avareza é, ao contrário da ira e do orgulho, um sentimento introvertido. Sendo assim, ela isola e afasta a pessoa de seus semelhantes, impedindo que desfrute de alegrias partilhadas. Não vamos pensar que o avarento é sempre negativo; como todos os outros espíritos que erram, ele é bastante vítima e tem seus momentos de percepção. A primeira idéia que fazemos de um homem apegado à dinheiro é essa: é solitário, não tem ninguém, vive no meio de papel ou moedas, que acumula obsessivamente. Sua roupa é escura e ele esta sempre com a mesma. Sua casa é velha e feia, ele quase não sai dela. Esta aí: o avarento não partilha, mas também não usufrui.
As características básicas de que tem esse procedimento negativo são:
1) torna-se uma pessoa calada, triste e pouco receptiva
2) anseia por amar e ser amado, mas não tem como sair do seu isolamento
3) fica limitado a um pequeno espaço (seu mundo é pequenino)
4) é reservado, não fala de si
5) tem medo de ser amado pelo seu dinheiro.

A avareza pode ser material e espiritual. O avarento em espírito não cede espaço para a transmissão de conhecimentos, não divide suas alegrias, não vibra com a felicidade alheia, não exerce a caridade, não sente a dor de seus irmãos.

A riqueza é o único bem que um avarento valoriza, principalmente se ela pode aumentar. Mas o que é que há de negativo na riqueza? Nós sabemos que a riqueza tem aspectos positivos, pois pode incentivar ao progresso, financiando pesquisas, abrindo empresas que gerarão muitos empregos, estimulando o comércio e a produção agrícola. A negatividade da riqueza está no fascínio que ela exerce sobre os espíritos fracos que, para obtê-la, cedem a influências espirituais corrompedoras e praticam condutas lesivas aos outros homens.
Depois que conseguem o dinheiro, essas pessoas tornam-se egoístas e fúteis, insensíveis às necessidades dos pobres.
Uma das verdades que o avarento não percebe é que a riqueza muda de mãos e que ela não é um bem duradouro. Poucas famílias conservam sua fortuna por gerações seguidas. Tem sorte quem descobre que a verdadeira riqueza é a alma feliz, a inteligência criativa, o conhecimento esclarecedor, as qualidades morais, o progresso espiritual.

O verdadeiro rico é generoso, pois é caridoso, ainda que tenha pouco mais do que o necessário para si. Ele alivia a fome quando a encontra, aplaca a miséria, preserva o indefeso do abandono, defende o desamparado do frio. Ele não humilha com sua doação, mas procura, antes, proporcionar trabalho e prevenir a miséria do que remediar, depois, seus efeitos.

Entretanto, dar tudo o que possui, desprendendo-se totalmente das ligações materiais, não é o melhor caminho. Quem dissipa seus bens, desperdiçando suas bases materiais, arrisca-se a tornar-se um peso para sua família ou para a sociedade. Agindo assim, está escapando da responsabilidade kármica de aprender a lidar com o dinheiro.
A felicidade na vida material é possuir o necessário para viver dignamente. O supérfluo não é necessário ao homem feliz, pois ele sabe que a ambição desmedida leva a caminhos sem fim!

Enquanto a pobreza é uma expiação, a riqueza é uma provação. Nem o rico nem o pobre podem ser felizes.

Na próxima carta, vamos pensar sobre a ambição e a cobiça.

Tenham todos uma ótima semana!

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